O Shadchan (ou Shadchanit, no feminino) costuma ter papel fundamental nos casamentos judaicos. Mas, afinal quem são eles? Qual é a sua função? É isso que explicaremos agora.
A sua ocupação é das mais nobres: um Shadchan é um casamenteiro. É ele quem apresenta os pretendentes e organiza os primeiros encontros, após checar o perfil dos que desejam se conhecer, de suas famílias e, essencialmente, suas personalidades e seus costumes para tentar identificar, exatamente, quem combina com quem.
Os Shadchanim são pessoas extremamente populares na cultura judaica. Afinal, a responsabilidade de apresentar casais é sagrada.
A Torá nos ensina que D’us concebeu todos os animais com seus pares, exceto Adão, o único que foi criado sozinho até sentir a falta de uma companheira.
Então, D’us criou a mulher a partir do próprio Adão e a apresentou a ele. Assim sendo, o Todo Poderoso é considerado o Primeiro Shadchan da história.
Ao contrário do que se acredita, o Shadchan não é “especializado” em realizar encontros arranjados somente entre moças e rapazes religiosos. É sim especializado em identificar as características comuns e as que mais combinam com a pessoa.
Isso porque, neste contexto, não importa o nível de religiosidade, judeus e judias têm fonte numa mesma alma Divina que se dividiu em duas partes, uma metade masculina e a outra metade feminina.
Shadchanim têm sensibilidade aguçada para identificar possíveis casais
O Shadchan tem o dom e o talento para identificar isso e é o elo para reunir essas duas metades e ajudar a transformá-las de volta numa única unidade!
Após um cruzamento de dados, isto é, depois de verificar a compatibilidade de um possível casal, é que se inicia então o processo de “shiduch”, que é realizar o encontro das almas que estavam predestinadas uma à outra.
Ao perceber e entender que dois pretendentes têm muitas coisas em comum, o Shadchan entra em contato com os interessados, para sugerir nomes e explicar as características de cada um. Além do feeling para identificar “quem combina com quem”, o Shadchan se apoia em referências e preferências individuais, e até nos hobbies e costumes dos interessados.
Ao perceber que dois pretendentes têm compatibilidade, o Shadchan marca um encontro entre eles, normalmente em local público adequado para uma conversa privada entre os dois.
O casal sai por quantas vezes for necessário, até que tenham plena consciência se vão oficializar a união ou não.
Perfil do Shadchan
Shadchan não é somente uma pessoa religiosa. Se você alguma vez tentou apresentar um amigo seu para sua amiga porque você achou que eles possuem afinidades, saiba que este é exatamente o papel do Shadchan!
Há um conceito interessante no Judaísmo onde se fala que os judeus não namoram para se casarem e sim, casam-se para namorar.
A explicação é a seguinte: o mais importante antes do casamento é checar afinidades nas ideias e compatibilidades nos planos de vida do futuro casal e dos projetos de constituição de família.
É claro que a “química” é importante, mas a união sobrevive e se fortalece através da cumplicidade na busca dos mesmos objetivos.
O termo “Shadchan” está ligado à palavra “shiduch”, que tem o sentido de “compatibilidade”, já que o Shadchan busca essa combinação nos perfis a que se dedica.
Apesar de já estar programado nos Céus – mesmo antes de a alma descer para este mundo físico – com quem cada pessoa vai se casar, nem todos têm facilidade de achar seu/sua parceiro(a) tão rápido.
Muitas vezes, a cara-metade pode se encontrar do outro lado do planeta e precise ser apresentada por alguém que tenha ambos os contatos.
Ainda que o Shadchan costume trabalhar voluntariamente, é uma tradição oferecer-lhe uma remuneração. A tradição diz que esse reconhecimento do bem que lhes foi feito interfere diretamente no sucesso do novo par que está sendo formado.
É também uma compensação pelas horas de esforço cruzando os perfis, até identificar compatibilidades entre pessoas que podem, inclusive, morar em cidades diferentes.
Ser um Shadchan profissional, que tenha sucesso, é uma mitsvá que exige visão da natureza humana, determinação, criatividade e alguma aptidão de marketing.
Embora D’us já tenha determinado com quem iremos nos casar, nós não podemos simplesmente cruzar os braços e esperar que alguém venha oferecer um(a) noivo(a) na porta.
É preciso ir atrás para ajudar a nós mesmos ou a nossos filhos, incluindo aí contatar um Shadchan confiável quando chegar a hora certa para isso.
Consentimento de ambas as partes
A Torá determina que é proibido a um homem se casar com uma mulher até que ele a conheça. É necessário que ela “encontre simpatia aos seus olhos”.
A mulher também não deve se casar até que esteja madura o bastante para decidir se consente que determinada pessoa venha a se tornar seu esposo.
Ninguém, nem os pais, nem os Shadchanim têm permissão de tentar obrigar um compromisso.
O casal tem que sentir-se 100% confortável um com o outro e devem dar o seu total aval para que o casamento ocorra.