O Rabino Ariel Antebi, junto com sua esposa, desenvolve na zona norte de São Paulo, há quase 17 anos, um importante trabalho, no Beit Chabad Santana, recebendo mochileiros de Israel e também atendendo a comunidade local.
Integrante do Zivug, o rabino também atua como shadchan, evitando, assim, a temida assimilação.
Zivug – Rabino, fale sobre o seu trabalho (junto com a sua esposa) no Beit Chabad Santana: quando e como começou, e como se desenvolveu até agora?
Rabino Ariel Antebi – Inauguramos o Beit Chabad Santana em setembro de 2005, faltando pouco tempo para Rosh Hashaná, após receber uma carta do Rebe nos abençoando e incentivando a abrir uma nova casa, em um lugar ainda carente de judaísmo.
Como diz o ditado, Kol Hahatchalot Kashot, todos os começos são difíceis! Mas, com a ajuda de Hashem e as inúmeras berachot do Rebe, ao longo destes 16 anos pudemos, milagrosamente, fazer a diferença na vida de centenas de judeus da zona norte de São Paulo. E também para milhares de mochileiros israelenses, que por aqui passam a cada ano.
Vocês trabalham, de forma simultânea, com dois públicos heterogêneos, que têm necessidades diferentes: a comunidade de Santana, e seus arredores, e com os israelenses, especialmente os jovens mochileiros, que rodam o mundo após terem concluído o serviço militar. Como vocês conciliam isso e qual o ponto em comum deste trabalho, em duas frentes tão distintas?
Realmente, o nosso trabalho se divide em quatro campos: familiar, comunitário, educacional e com os jovens mochileiros!
Além do nosso trabalho no Beit Chabad, minha esposa e eu somos educadores na escola Lubavitch há mais de duas décadas, uma profissão que tenho muito carinho e pela qual me dedico há 25 anos.
Não é nada fácil conciliar tantas obrigações diferentes ao mesmo tempo, principalmente quando os recursos são escassos, mas, como mencionei antes, com as inúmeras berachot do Rebe, vemos milagres ocorrerem diariamente!
As necessidades da comunidade variam como qualquer outra, desde alegrias com nascimentos, Bar Mitzvás, casamentos, etc, até problemas de Parnassá (sustento), relacionamentos, drogas e outros mais tristes. O importante, para a comunidade, é saber que, em todas as etapas de suas vidas, estaremos próximos para apoiá-los.
O nosso trabalho com os mochileiros se resume em oferecer um pouco do aconchego do lar, mesmo estando tão longe de casa. Nós realizamos durante as temporadas de turismo jantares de Shabat para mais de 80 jovens. A alegria é contagiante e os membros da comunidade curtem muito essa alegria juvenil que eles trazem.
Além das refeições, damos suporte a eles em todas as áreas e problemas que possam surgir durante sua estada no Brasil. Isto inclui resgates em situações de risco e ajuda diante das autoridades e o consulado, quando entram em apuros.
Enfim, no meio desta correria com os assuntos do Beit Chabad, temos que reservar tempo para nossas atividades escolares e também, claro, para a nossa família!
Como vocês lidam com o desejo e a busca por um relacionamento pelas pessoas com quem vocês trabalham; qual dica o senhor daria para quem busca um pretendente?
Uma das maiores preocupações de um shaliach é evitar a assimilação. Portanto, sempre que temos um membro da nossa comunidade, que esteja solteiro, tentamos oferecer a ele pessoas compatíveis para se relacionarem e montarem um lar. Não há maior alegria do que ver a união de um casal!
A nossa dica para todos os jovens é casarem o mais cedo possível. A desculpa da maioria é que tem que ter uma profissão, um lar antes de se casar, etc. Eu acho que tudo isso pode ser conquistado de forma mais fácil a dois, crescendo juntos, em todos os aspectos.
O conselho do Rebe para quem sai de shiduch é focar nas coisas principais, e não se apegar a detalhes supérfluos: precisamos ver se as qualidades e valores do nosso par são compatíveis com os nossos. E não se a roupa que ele (a) veste combina ou não!
Quais são os seus conselhos para que haja harmonia completa entre o casal, obtendo, assim, o sonhado “shalom bait” (“paz no lar”)?
O segredo para ter um relacionamento saudável é ter consciência que você está se conectando com esta pessoa para dar o melhor de si, e não procurar o benefício próprio que resultará deste relacionamento.
Além disto, o casal tem que ser flexível e, às vezes, abrir mão de algumas coisas em prol do Shalom Bait.
Teria alguma história curiosa para contar sobre a apresentação de casais?
Certa vez, um casal de jovens que, aparentemente, não combinava para nada, frequentava a nossa sinagoga. Um determinado dia, o rapaz se aproximou da minha esposa e disse para ela que se interessou por uma moça. Minha esposa achou que talvez a menina iria se ofender se ela apresentasse este rapaz.
Porém, como não tinha nada a perder, minha esposa perguntou a ela o que achava deste rapaz. Para nossa surpresa, a moça disse que o achava interessante e, ao final de alguns encontros, eles acabaram se casando!
Resumindo, não descarte nenhuma possibilidade, deixe-os decidirem se gostam ou não um do outro.
De que modo o Zivug tem lhes ajudado, e de forma geral, como os shadchanim podem ajudar na formação de novos casais?
O Zivug foi, simplesmente, a melhor coisa que aconteceu para toda a comunidade judaica do Brasil. Com certeza, é a melhor ferramenta para a união de casais e também para a diminuição da assimilação no Brasil.
Através dos shadchanim de diferentes partes e comunidades do Brasil, é possível conhecer candidatos de todos os cantos do país e não apenas do meio limitado de amizades em que, normalmente, as pessoas estão envolvidas.