Você já se perguntou por que as pessoas decidem se casar? Afinal, casamento não é nenhuma brincadeira!
Com ele, vem a responsabilidade de prover sustento, educar filhos, dedicar-se ao cônjuge… São muitas obrigações e desafios. Qual é a força de atração que supera todos os empecilhos?
Alguns podem dizer que as pessoas se casam para formar uma família; outros atribuem a decisão ao fato de o casal estar apaixonado ou ao medo que as pessoas têm de ficar sozinhas, entre muitas outras razões.
Mas, para o judaísmo, o verdadeiro propósito e função do casamento é ser uma instituição Divina. O casamento foi ideia de D’us!
A reunião de duas metades
O Talmud e a Cabalá nos ensinam que o casamento não é meramente uma união entre dois indivíduos totalmente diferentes. É a reunião de duas metades da mesma unidade.
A alma, ao descer a este mundo, é dividida em duas partes: uma fica com o homem e a outra com a mulher.
No período do nascimento ao casamento, as duas partes vivem em casas separadas e, muitas vezes, em sociedades e países diferentes. No momento predestinado, elas se encontram.
No casamento, as duas finalmente se juntam – e elas estão completas pela primeira vez! O trabalho do casal é fazer com que se encaixem perfeitamente.
Homem e mulher tornam-se um!
Se um indivíduo fosse totalmente independente, sem nenhuma companhia, permaneceria para sempre sem desafios, nem potencial para crescimento.
Nem o homem nem a mulher conseguiriam transcender a individualidade com a qual nasceram.
Portanto, D’us os criou como um e os fundiu em dois. Dois que podem se juntar para se tornar um.
Dessa forma, homem e mulher são atraídos um para o outro, porque, individualmente, somos incompletos. Estamos procurando a nossa outra metade, buscando nos unir com D’us.
Duas conexões entre o homem e a mulher
Existem duas conexões entre um homem e uma mulher casados.
A primeira diz respeito a uma ligação material, pela qual são ligados todos os casais do mundo. Viver sob o mesmo teto, compartilhar tarefas e vida conjugal.
Nesse aspecto, sempre haverá duas unidades, ou seja, dois corpos separados, com pensamentos particulares e emoções peculiares.
Mesmo em um casamento muito harmonioso, será sempre possível reconhecer que, apesar de inseparáveis, existem ali dois indivíduos.
Porém, o casamento é fruto de uma ligação muito mais profunda e essencial. Debaixo da chupá, o pálio nupcial, duas metades se fundem em uma só alma.
No campo espiritual, não se reconhece que existem ali duas pessoas separadas. O casamento não é uma sociedade entre o homem e a mulher. É a união de duas metades da mesma alma.
Não estamos falando de uma união apenas no nível físico, emocional ou intelectual. Estamos falando de uma união no nível mais essencial do ser.
A consciência dessa ligação interna no casamento é o melhor caminho para assegurar uma vida de paz e serenidade no lar.
Uma ligação apenas material dá abertura a cálculos pessoais, referentes às expectativas e aos desejos de cada lado.
Porém, ao ter em mente que meu cônjuge é metade de minha alma, é impossível chegar a pensar em uma vida individual. Ninguém abriria mão de uma parte de seu corpo, não é mesmo?
Alegria para a alma e para o corpo
Se o casamento é algo tão espiritual e profundo, por que, então, ele é comemorado com tanta dança e música?
Existe até mesmo uma mitsvá especial de alegrar o noivo e a noiva dessa forma, e nesse dia também é servida uma refeição festiva.
Não seriam essas formas muito mundanas para a celebração de algo tão transcendental?
A resposta é sim. São formas mundanas, e é justamente por isso que as utilizamos. Neste mundo, a espiritualidade não deve ser desconectada de materialidade.
Tanto que a união sublime das almas somente ocorre quando o noivo põe o anel no dedo da noiva sob a chupá.
Não é somente a alma que deve estar alegre por ter se completado para o resto da vida. O corpo também participa dessa alegria. E, para alegrar o corpo, celebramos com muita música, dança e alimentos saborosos.
Alicerce do judaísmo
O casamento é um dos alicerces do judaísmo. Não se trata apenas da união de duas pessoas. Ele representa a continuidade do povo judeu.
Ao se casar, homem e mulher não estão apenas se unindo um ao outro, mas estão unindo o passado, o presente e o futuro.
E o casamento só será fortalecido por meio do entendimento entre ambos, exercitando o companheirismo, o respeito e a amizade, e cumprindo as leis de purificação ritual entre o casal.
Amor e respeito devem ser nutridos diariamente, com o reconhecimento dos desejos e das necessidades do cônjuge. Isso permite que você pense sobre o espaço do outro como tão sagrado quanto o seu.
Esses são os verdadeiros valores que consagram um casamento judaico.