Nascido em Belém (PA) e emissário do Rebe de Lubavitch há mais de 30 anos, Yossef Benzecry dirige há mais de 18 anos a Congregação Tsémach Tsédec, também conhecida como a “Sinagoga da Pompéia”.
O rabino é um dos coordenadores do Zivug, ao lado de dezenas de colaboradores. “Temos muitos planos para o futuro. O Zivug é um projeto que foi desenvolvido para abrigar pessoas de todas as idades, independente do seu nível de religiosidade”.
Zivug – Qual a importância do projeto Zivug? O que a ferramenta oferece aos seus usuários?
Rabino Yossef Benzecry – O Zivug foi concebido com o objetivo de ser uma poderosa ferramenta para formar casais dentro da comunidade judaica. Esse instrumento pode ser usado tanto por usuários desimpedidos que buscam um (a) parceiro (a), como também por líderes comunitários, que procuram shiduch para um membro de sua instituição. Na verdade, quanto mais gente estiver inscrita e envolvida, maior a probabilidade de conseguirmos formar um casal.
Todos os colaboradores são pessoas dignas e sérias e se dedicam, literalmente, de corpo e alma. Isto tudo, junto com a premissa de cuidar do sigilo das informações pessoais dos candidatos. Também há o fato de oferecermos o serviço aos usuários e dirigentes comunitários de forma totalmente gratuita. Vale ressaltar, ainda, que o projeto é para todas as idades e independe do nível de observância religiosa do (a) candidato (a).
Qual é a sua participação neste projeto? Quanto tempo demorou entre o Zivug ser concebido e estar, de fato, no ar? Qual sua opinião sobre ele?
Minha participação é pequena. Tivemos sim muita “siata dishmaya” (ajuda de H’), que fez com que aparecessem as pessoas certas, no tempo correto, para auxiliarem no projeto. Só para ilustrar com um exemplo, tínhamos percebido que alguns candidatos não tinham fotos muito boas no site. No mesmo instante em que pensamos em contratar um fotógrafo, recebemos um contato de um excelente profissional, que se ofereceu para tirar imagens boas dos candidatos que não tinham enviado fotos de qualidade. E isso, sem cobrar nada, nem deles e nem de nós. E ele ainda fazia a gentileza de ir com a sua equipe até a residência do candidato!
Isto é só uma pequena amostra, sem contar o empenho dos parceiros da equipe administrativa que, sem querer aparecerem, começaram e apoiaram o projeto, além dos shadchanim que se envolveram demais. Ou seja, foi tudo muito rápido!
Primeiro foi criado um grupo de whatsapp. Pouco depois, surgiu a ideia de criar um site, que logo teve uma procura significativa e, com breve tempo de uso, começamos a colher os frutos do trabalho. Resumindo, têm muita gente com mérito nessa história. E isso é o mais legal! Mas entendemos que o aperfeiçoamento deve ser uma busca constante e ainda há bastante o que fazer e melhorar!
Falando nisso, como o projeto Zivug pode ser aperfeiçoado? Há planos do site virar um aplicativo de relacionamento?
Temos várias ideias para isso. Melhorar o site e criar versões em espanhol e inglês, expandindo o Zivug para outros países latino-americanos, ou, então, que tenham alguma afinidade com o Brasil. Usar mais as redes sociais, facilitar o acesso, criar um aplicativo e um sistema de algoritmo com o uso de ferramentas modernas da tecnologia. Apesar de ser de forma tímida ainda, o projeto já obteve, naturalmente, inscritos do exterior, o que nos mostra que podemos ser úteis também para quem mora fora.
Enfim, temos muitos planos para o futuro. Tudo com o grande objetivo de prestar um serviço melhor a todos os pretendentes a formarem um casal.
Quais dicas o senhor pode dar àqueles que estão procurando shiduch?
Ter confiança em D’us e, ao mesmo tempo, fazer sua parte e ter iniciativa e coragem de buscar corretamente, sem esperar que caia de mão beijada dos Céus.
Explique, por favor, qual o conceito e a importância de Taharat Hamishpachá para a felicidade no casamento?
Este é um assunto de suma importância, mas que não dá para ser abordado em poucas palavras. Graças a D’us há muita literatura e pessoas especializadas no assunto, que podem orientar a respeito disso, de maneira mais pessoal.
Quais são suas dicas para alcançar um lar saudável?
Ser parceiro. No Judaísmo isto se aplica não só entre marido e mulher, mas também entre o casal e D’us. Quando este trio está afinado entre si, há harmonia e sucesso. E onde há paz, tem bênçãos!
Como um casal deve lidar com a possível infertilidade de uma das partes?
Essa é uma questão delicada, que precisa de muito apoio entre as partes e de suporte profissional, seja de especialistas em fertilidade ou de terapeutas. Graças a D’us hoje existem vários tratamentos disponíveis para situações que antes pareciam insolúveis.
Quantos casais o senhor acredita ter formado através das suas apresentações?
Fazer apresentações nunca foi minha ocupação principal. Há mais de 30 anos trabalho como rabino de uma comunidade e esta função toma boa parte do meu tempo. Mas, apesar de atualmente a maior parte do meu dia ser dedicada ao Zivug, meu trabalho neste projeto está mais focado em coordenar para que os envolvidos recebam o devido suporte e tenham as ferramentas para que os resultados aconteçam. Entretanto, logicamente, quando posso, faço alguns shiduchim.
Pode revelar quantas pessoas já estão cadastradas no site? Haveria uma meta, algum número, a ser atingido?
Até agora, graças a D’us, já contabilizamos mais de 500 inscrições de homens e mulheres. Mas o principal não é só a quantidade de inscritos, mas o quanto isto está sendo útil para a formação de casais. Com certeza, o número de pretendentes importa, pois quanto mais gente, maior a probabilidade de combinar perfis compatíveis e, em razão disso, além de apresentar pessoas, nós procuramos incentivar o cadastramento de novos usuários para aumentar o banco de dados.
Sobre a segunda pergunta, a respeito de alguma meta, o Talmud já nos diz que “quem tem cem, quer duzentos, etc”. Então, se temos agora quinhentos, nosso objetivo atual é chegar aos mil cadastrados e assim por diante.
Quais os estados que têm mais pessoas inscritas no projeto? E de outros países? Temos inscritos de todos os estados e cidades onde há uma comunidade judaica. O número de candidatos é, de certo modo, proporcional ao tamanho da comunidade em cada local. Certamente que o envolvimento do rabino ou ativista comunitário reflete também no número de inscrições.
Além disso, temos vários pretendentes de shiduch de Israel, Europa e América Latina também.
Qual a importância dos shadchanim para este projeto? Quantos fazem parte hoje? Existe alguma meta de aumento desse número?
Os shadchanim (responsáveis pelas apresentações do futuro casal) são o motor do projeto. É digno de louvor o envolvimento deles e a Ahavat Israel (amor ao próximo) que eles têm em ajudar as pessoas que buscam um (a) companheiro (a). Hoje são cerca de trinta pessoas envolvidas diretamente e que dedicam, voluntariamente, dezenas de horas do seu precioso tempo para ajudar nesta tarefa, que certamente podemos falar que é sagrada. Todos aqueles comprometidos em ajudar e que levam jeito para a coisa podem colaborar. Nosso trabalho é fornecer as ferramentas para isso.
O slogan do Zivug, “parceria para a vida”, teve inspiração no que?
O relacionamento entre um casal tem que ter as premissas de um (a) se tornar parceiro (a) do (a) outro (a) e de que a união irá valer para toda a vida. A missão do projeto é proporcionar que isto se torne uma realidade.
Qual é a importância de um casamento judaico?
Como descrevi no nosso site, ele é tão importante, que através dele, D’us perdoa e anula todas as falhas passadas, fazendo com que ambos, marido e mulher, comecem uma vida a dois com a ‘ficha’ totalmente limpa. Além disso, o primeiro casal foi apresentado e formado pelo próprio Criador e o Talmud nos relata que esta tarefa de formar casais é a que o Todo Poderoso se ocupa após ter criado o universo.
Fale, por favor, sobre o trabalho voluntário que é feito dentro desse projeto.
Isso é algo fantástico! É impressionante como nossa coletividade está engajada e quer colaborar dentro daquilo que é possível oferecer!