Category: Família

Visão judaica para o relacionamento antes do casamento

Na tradição judaica, o namoro não existe com fins de entretenimento. Ele é reservado para homens e mulheres que estão, verdadeiramente, procurando sua alma gêmea.

E estamos falando de um “namoro” bem diferente dos que vemos por aí. Isso porque, a Lei Judaica proíbe que o casal fique junto sozinho ou se toque antes do casamento. Assim, o local ideal para os encontros é um espaço público ou semiprivado.

Parece algo radical, não é mesmo? Mas vamos entender por qual motivo D’us determinou que seja assim.

O sagrado livro do Zohar nos diz que, antes do casamento, o homem e a mulher são chamados de “duas metades de um mesmo corpo”, ou seja, são as metades de uma mesma alma.

No momento em que ocorre o matrimônio, essas duas metades se juntam e se transformam em uma só alma.

Sendo assim, no judaísmo, o casamento tem um significado muito profundo. Trata-se de uma união de almas, não uma união de corpos. A união de corpos será uma consequência do reencontro de duas metades de uma mesma alma.

Então, se você deseja saber se determinada pessoa é compatível com a sua personalidade e suas necessidades emocionais particulares, é totalmente errado fazer isso por meio do corpo.

Se a pessoa se apega apenas aos assuntos físicos, só consegue captar o lado exterior do seu parceiro, enquanto a sua alma fica desconhecida.

É por isso que a nossa sagrada Torá proíbe contatos físicos antes do casamento, para que o homem e a mulher entendam que a verdadeira união é feita por meio de uma junção de almas.

O intelecto antes da emoção

Para que o shiduch seja bem-sucedido, a mente precisa exercitar seu julgamento em uma área que, instintivamente, pertence ao coração.

É claro que o coração também deve estar envolvido. Porém, a mente seguindo cegamente o coração pode ser uma receita para o desastre.

Permita-se “apaixonar-se”, mas somente depois que sua alma decidiu que essa pode ser a pessoa certa para você.

Para tomar essa decisão, você precisa conhecer o outro, de verdade. E o casal só se conhece verdadeiramente conversando, procurando entender um ao outro, de forma intelectual e sentimental, não por meio de contato físico.

Sexualidade é uma parte bonita da vida, realmente um presente de D’us. Mas as relações sexuais devem acontecer na hora certa, com a pessoa certa.

D’us é o Engenheiro da humanidade. Foi Ele que nos ordenou sobre o casamento e nos ensinou a forma correta de conduzir isso.

Então, primeiro, é preciso ocorrer a união espiritual (o casamento religioso). Para, na sequência, haver a união física.

Quando se queimam etapas e a ordem das coisas é alterada, há uma grande confusão. Toda ordem que D’us colocou é revirada.

Receita para um casamento feliz e duradouro

Dizem nossos sábios que, quanto maior a distância antes do casamento, maior será a aproximação após o matrimônio.

Dessa forma, a melhor receita para uma união ser duradoura é não haver contato físico nenhum antes de celebrar a união.

Como já explicamos, a ligação vital entre duas pessoas se dá na compreensão espiritual, no que se refere ao intelecto, aos sentimentos profundos do coração, e isso é expresso por meio da fala e do pensamento, não por meio de contato físico.

Conhecemos histórias de pessoas que, antes do casamento, já se relacionavam fisicamente com o seu parceiro e não tiveram uma união duradoura, pois perceberam que toda a sua conexão era apenas uma atração corporal. E isso é algo temporário.

Cuidar para que o contato físico aconteça no momento certo, e não antes do tempo é, sem dúvida alguma, uma forma de melhorar a vida conjugal do casal.

Além disso, entender a ideia de que cada ser sozinho e incompleto é muito importante, pois dá a concepção correta de como se preparar para o casamento e a vida a dois.

Para uma pessoa alcançar a harmonia e a felicidade no matrimônio, deve sempre se lembrar que precisa de alguém que possa completá-la.

Tudo tem seu tempo 

Toda a energia e o potencial de um judeu devem ser canalizados para ações positivas. Isso inclui todas as áreas de sua vida, inclusive seu relacionamento íntimo.

Este é consagrado por meio do casamento judaico. Trata-se de um momento único e especial e, ao entender sua verdadeira dimensão, tanto o rapaz quanto a moça judia certamente saberão esperar para que sua intimidade seja compartilhada com a pessoa certa, no momento apropriado, e com as bênçãos de D’us.

Tudo tem seu tempo e a Torá nos ensina a respeitar esse período.

Isso proporciona respeito mútuo e disciplina que nos acompanharão durante toda a vida. Assim, o casal terá uma vida conjugal saudável, com amor e shalom bait (paz no lar).

Quando seguimos as palavras da Torá, temos a certeza de que D’us estará conosco na nossa união e garantirá a eternidade do casamento.

‘O Zivug proporciona a integração da comunidade judaica do Brasil’

É em Campinas, no interior de São Paulo, a 90km da capital paulistana, que boa parte do trabalho da Rabanit Nadia Levaton Stulman e seu marido, o Rabino Nachman se concentra. Com foco voltado para a comunidade local, Nadia é uma das shadchaniot do Zivug. “É necessário bastante dedicação para conversar e atender os jovens”, diz.

Zivug – Sra Nadia, como é o seu trabalho com a comunidade judaica de Campinas junto com o seu marido, o Rabino Nachman? Há quantos anos vocês atuam na cidade? 

Nadia Stulman – Trabalhamos em Campinas, há mais de 18 anos, com a comunidade local. Vemos a grande importância dela, pois como a cidade oferece muitas oportunidades, a coletividade é numerosa em relação a outros municípios do interior. Apesar de ficar a 90 kms de São Paulo, há uma carência de judaísmo e aqui entra o nosso trabalho: o de aproximar ao máximo os judeus do judaísmo.

Damos apoio para nascimentos, bar e bat mitzvá, aulas para jovens da Unicamp e, em geral, assistência aos idosos. Fazemos em todos os shabatot um encontro em nossa sede e também comemoramos as festas judaicas.

O que acontece muito, principalmente com os jovens é que eles que começam a se aproximar mais da religião, fazem teshuvá, ficam religiosos, mas acabam indo morar nos grandes centros judaicos, e diminuem o número de pessoas da comunidade local, onde estavam inicialmente. Mas, logo chegam outros e recomeçamos de novo.

Recentemente, em suas redes sociais, a sra postou que conseguiu realizar, B’H, mais um casamento dentro do projeto Zivug. Poderia falar sobre isso, por favor?

Nesse trabalho, estamos sempre prestando atenção nas pessoas, para podermos apresentar uns aos outros. É necessário ter muita dedicação para lidar com os jovens, saber com detalhes como é cada um, tomar cuidado com o que vai falar para cada um, também. Precisamos tratá-los como filhos e sermos cuidadosos. Tem vários shadchanim trabalhando e, Baruch Hashem, há diversos casais sendo formados por causa deste projeto.

Conte um pouco sobre o seu tempo dedicado ao Zivug

Quando tem um casal que combina que vai se conhecer, fico praticamente o dia inteiro em função deles. De dia e à noite, não tem hora para acabar. Às vezes, levo bronca dos filhos, do marido, mas esse é o nosso trabalho.

Isso quando não há dois ou três casais novos saindo, ao mesmo tempo, aí o bicho pega: minha família não vai me ver por algumas semanas, somente no Shabat! Eles até já chegaram a esconder o meu celular (risos). É preciso, realmente, muita dedicação para que possamos ajudar os casais.

Como funcionam as apresentações e a questão da privacidade dos inscritos?

Os candidatos não têm acesso ao cadastro um dos outros, somente os shadchanim têm.

Nós ligamos para cada pessoa que achamos que combina para fazemos a apresentação. Falamos com o Rabino Benzecry para colocar um sinal de ocupado e somente o shadchan que apresentou sabe com quem cada um está saindo.

Os outros shadchanim só ficam sabendo que a pessoa está saindo, mas não sabem com quem, e assim preservamos a discrição.

Quantas apresentações a sra acredita ter realizado, junto com o seu marido, para a formação de novos casais? E quantos casamentos saíram destas apresentações?

Na verdade, não fazemos tantas apresentações, porém, a maioria que fizemos, deu certo!

Qual a importância do Zivug sobre tentar ajudar a resolver o problema de assimilação?

Sempre ouvimos nos contatos que tivemos com os jovens, reclamando que não há muitos parceiros (as) na comunidade judaica, em geral, e sempre falávamos para darem chance pois sim, havia.

Diversas vezes, em pequenas comunidades, reclamavam que o círculo judaico que conheciam, eram de amigos ou primos (que na verdade não eram primos, eram só muito próximos) e não queriam algo mais sério.

E muitos acabavam se casando com pessoas de fora da comunidade. O projeto Zivug proporciona uma integração da comunidade judaica do Brasil, dando chance, assim, para que outras pessoas se conheçam, até mesmo de outros estados. Isto está ajudando bastante na questão da assimilação e ajudando a formar vários casais que, se não fosse assim, não teriam se conhecido.

Mas mais do que os jovens, estamos ajudando pessoas de várias idades. Temos inscritos até jovens de 80 anos, recentemente tive a felicidade de participar de um shiduch com minha colega, Sarinha Treiguer, de um casal cujas idades eram de 62 e 58 anos.

A tentativa de formação de casais que vocês fazem, envolvem apenas interessados de Campinas e São Paulo ou abrange também outros estados e cidades?

Envolve o Brasil inteiro, outras cidades e outros estados.

Existe alguma história peculiar destas apresentações?

Quando estava olhando os perfis dos candidatos, de repente, vi um abaixo do outro, dois jovens que haviam acabado de entrar na lista, e, olhando a foto, e os detalhes, vi que tinham tudo a ver um com outro!

Liguei para cada um e falei com eles. Percebi que a sua fala tinha a mesma sintonia, tinham respostas idênticas, as mesmas frases: nem mesmo as vírgulas mudavam!

Fiquei sabendo que o rapaz era convertido, mas não sabia que a moça também era de família convertida, achei super bacana, teve mais mais ainda! 

Fiz o match, e eles se encontraram pela primeira vez em um domingo à tarde.

Esperei para que eles entrassem em contato no final do dia para dizerem o que acharam um do outro, qual a impressão que tiveram, mas não recebi nada, o que me deixou preocupada: o que poderia ter acontecido com eles?

A resposta veio tarde, de madrugada, após 9 horas depois que tinha sido marcado para o encontro: os dois estavam muito contentes e já decididos e sem dúvida de que já haviam encontrado seu Shiduch!

Aconselhei que eles fossem com calma, que precisavam sair mais vezes para tomarem uma decisão. Então falaram que tudo bem. Mas, nessas conversas que ainda tivemos, os diálogos continuavam sendo os mesmos, mesmas frases e vírgulas, sempre em sintonia, era realmente incrível!

Então marcamos na terça-feira da mesma semana, dois dias depois do primeiro encontro, e novamente eles ficaram conversando por muitas horas e na volta deste segundo encontro, eles tinham certeza do que queriam.

Marcamos o Lechaim na quinta-feira (era lag baomer), pois ele havia pedido ela em casamento à tarde. Dois meses depois, eles já estavam casados. Foi, realmente, uma história incrível!

Recentemente sua filha foi entrevistada na televisão por um programa judaico carioca. Como você enxerga esse envolvimento familiar em ajudar as pessoas a se casarem?

Desde pequenos, ensinamos para nossos filhos, que devemos fazer ações de bondade, e gostamos que todos se envolvam na nossa shelichut, fazendo uma moradia pra Hashem aqui embaixo. Quanto mais vejo minha família envolvida nessas ações, mais me influencia para fazer o bem. Em educação, aprendemos mais do que ensinamos, o principal são nossos filhos vendo o que fazemos, e por isso levamos todos conosco.

‘A assimilação é um problema muito grave na nossa comunidade’

Foi por acaso que o projeto Zivug nasceu, a partir de uma ligação entre a dentista Fanny Aker, de Curitiba, e o rabino Yossef Benzecry. Ela ligou para pedir alguns conselhos, muito preocupada com a assimilação que ocorre em sua cidade e com toda a comunidade judaica, no Brasil, e no mundo. “Conversando, nós chegamos à conclusão que a tecnologia teria que ser um grande aliado neste projeto”, conta.

Zivug – Fanny, conte como começou sua participação no projeto e qual a importância dele?

Fanny Aker – Eu estava preocupada com a assimilação em Curitiba, onde se percebe que o número de judeus cai muito, a cada ano, e ocorre uma assimilação grande, com grande perda de valores judaicos. Então, liguei para o Rabino Yossef Benzecry para pedir uns conselhos.

O Rabino e eu chegamos à conclusão que a tecnologia teria que ser uma grande aliada no projeto e não somente bastava eu trocar algumas informações e figurinhas, como é no dia a dia.

Então, nós ficamos quebrando a cabeça, pensando em como poderíamos alcançar meus objetivos para melhorar estes canais para que judeus conhecessem outros judeus, não apenas por meio de ligações, mas que fosse algo mais automatizado e sistematizado, com o auxílio da informática.

Após diversos meses de reuniões com ele, chegamos ao consenso de criar um projeto chamado Zivug; então, desenvolvemos o site e criamos uma metodologia.

O Zivug tomou uma proporção nacional e até mesmo internacional: você esperava por isso?

Realmente, ficamos surpresos com o alcance que o projeto teve. Hoje, além do Brasil, claro, temos candidatos do Panamá, Israel, Argentina e Uruguai.

A gente vê que é uma necessidade muito grande e a rotina das pessoas hoje é bastante complicada, ainda mais com a pandemia, que foi um motivo bem forte para deixar os jovens deprimidos e tristes por ficarem sozinhos.

Então, nós realmente precisávamos de um mecanismo que trouxesse alegria para essas pessoas e que estavam procurando uma inserção maior.

O Zivug tem ajudado vários candidatos a encontrarem o seu par, mas tem muita gente para ser apoiada, já que nem sempre tudo é tão rápido. Como lidar com as expectativas dos inscritos?

Os candidatos têm certos desejos, mas nós não temos, infelizmente, uma varinha de condão em que o inscrito, de repente, transforma-se no homem mais rico, mais bonito, aquela pessoa que todo mundo quer ou deseja, já que somos todos “normais”. Os candidatos são “comuns”, ou seja, trabalham, têm seus problemas financeiros, suas alegrias, vontades, aborrecimentos, de modo geral, como qualquer ser humano.

Nem todo mundo é um artista de cinema, então, realmente existem diversas expectativas. Mas, devagar, as pessoas vão vendo que cada panela tem sua tampa. Se há uma tampa de 20 centímetros, não vai se encaixar em uma panela maior, de 30 centímetros, e vice-versa. Então, devagar, as pessoas vão se olhando no espelho e amadurecendo.

Quanto tempo você dedica para fazer shiduch e como consegue conciliar esta ocupação com o seu trabalho, de dentista e empresária, e suas obrigações familiares?

Nós não temos um horário fixo dedicado para fazer shiduch. A gente está, na verdade,  24hs por dia envolvido nisso, a todo momento que seja possível, quando temos uma brecha, estamos sempre falando com um candidato ou esclarecendo alguma questão.

O importante é que as pessoas encontrem uma porta aberta; alguém está preocupado com elas e quer que elas encontrem o seu parceiro. Isto é um fato essencial, porque espanta muito a assimilação e a falta de conexão com os judeus. É interessante que os interessados saibam que existe essa abertura, onde eles possam encontrar alguém.

Qual a importância do Zivug, no sentido de tentar resolver o problema da assimilação?

A assimilação é uma questão muito grave na nossa comunidade, principalmente em comunidades afastadas, que estão longe de grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo. Assim, de modo geral, a América Latina é um lugar de bastante assimilação…Na verdade, o mundo inteiro sofre, hoje em dia, com esse problema, e todas as tentativas têm que ser feitas para evitar isso. Tudo é válido quando se fala em combater a assimilação.

Quantos casais você acredita que já conseguiu formar? De que forma eles foram apresentados?

Em relação a casais, nós fazemos muitas conexões de pessoas. Então, diversas vezes, uma pessoa conhece outra, que indica outra. O importante é que as pessoas se conheçam.

Alguém que está no sofá, pacificamente, vendo a vida passar, não vai arranjar um shiduch, ninguém vai bater na porta dela! Ele (a) tem que se mexer, ir atrás, conhecer gente, ir em projetos (não só o Zivug), viagens, etc. Encontrar ou conhecer alguém não é algo que vai cair do céu. A pessoa tem que batalhar e ir atrás dos seus objetivos.

Quais são os próximos passos do Zivug? Existem novas metas a serem atingidas?

O rabino encontrou, junto com a Chana Guitl Boimel e o Mauro Boimel, diversas formas para trazer melhorias tecnológicas para este trabalho. Então, buscamos pessoas extremamente qualificadas para isso. E, assim, fomos reformulando o site, fazendo mais eventos e aumentando a penetração em diversas comunidades com ajuda, inclusive, da CONIB e das federações estaduais.

Qual é a sua motivação em tentar ajudar as pessoas a se casarem?

Com certeza, o povo judeu tem 5682 anos de história e isto aconteceu devido aos casamentos: judeus têm que casar com judeus, é o elo de uma corrente.

Então, nós queremos sempre que todos tenham a possibilidade e a alegria de continuar com a tradição do povo judeu, é algo muito importante. Afinal, nós não recebemos a Torá à toa. Temos diversas responsabilidades e deveres. Nossa vida é assim: sempre temos que estar envolvidos.

Gostaria de mandar alguma mensagem?

A mensagem é que nós precisamos de mais pessoas que se envolvam, que ajudem, apesar que sentimos uma empatia muito grande da comunidade com o projeto, já que o Zivug pertence à toda comunidade, não é um projeto do Rabino Yossef Benzecry ou da Fanny, é de todos! Então as portas estão abertas aos que quiserem ajudar, dando dicas, trazendo pessoas…tudo ajuda neste meio! Vamos juntos, assim somos mais fortes!

“O Zivug foi a melhor coisa que aconteceu para toda a comunidade judaica do Brasil”

O Rabino Ariel Antebi, junto com sua esposa, desenvolve na zona norte de São Paulo, há quase 17 anos, um importante trabalho, no Beit Chabad Santana, recebendo mochileiros de Israel e também atendendo a comunidade local.

Integrante do Zivug, o rabino também atua como shadchan, evitando, assim, a temida assimilação.

Zivug – Rabino, fale sobre o seu trabalho (junto com a sua esposa) no Beit Chabad Santana: quando e como começou, e como se desenvolveu até agora?

Rabino Ariel Antebi – Inauguramos o Beit Chabad Santana em setembro de 2005, faltando pouco tempo para Rosh Hashaná, após receber uma carta do Rebe nos abençoando e incentivando a abrir uma nova casa, em um lugar ainda carente de judaísmo.

Como diz o ditado, Kol Hahatchalot Kashot, todos os começos são difíceis! Mas, com a ajuda de Hashem e as inúmeras berachot do Rebe, ao longo destes 16 anos pudemos, milagrosamente, fazer a diferença na vida de centenas de judeus da zona norte de São Paulo. E também para milhares de mochileiros israelenses, que por aqui passam a cada ano.

Vocês trabalham, de forma simultânea, com dois públicos heterogêneos, que têm necessidades diferentes: a comunidade de Santana, e seus arredores, e com os israelenses, especialmente os jovens mochileiros, que rodam o mundo após terem concluído o serviço militar. Como vocês conciliam isso e qual o ponto em comum deste trabalho, em duas frentes tão distintas?

Realmente, o nosso trabalho se divide em quatro campos: familiar, comunitário, educacional e com os jovens mochileiros!

Além do nosso trabalho no Beit Chabad, minha esposa e eu somos educadores na escola Lubavitch há mais de duas décadas, uma profissão que tenho muito carinho e pela qual me dedico há 25 anos.

Não é nada fácil conciliar tantas obrigações diferentes ao mesmo tempo, principalmente quando os recursos são escassos, mas, como mencionei antes, com as inúmeras berachot do Rebe, vemos milagres ocorrerem diariamente!

As necessidades da comunidade variam como qualquer outra, desde alegrias com nascimentos, Bar Mitzvás, casamentos, etc, até problemas de Parnassá (sustento), relacionamentos, drogas e outros mais tristes. O importante, para a comunidade, é saber que, em todas as etapas de suas vidas, estaremos próximos para apoiá-los.

O nosso trabalho com os mochileiros se resume em oferecer um pouco do aconchego do lar, mesmo estando tão longe de casa. Nós realizamos durante as temporadas de turismo jantares de Shabat para mais de 80 jovens. A alegria é contagiante e os membros da comunidade curtem muito essa alegria juvenil que eles trazem.

Além das refeições, damos suporte a eles em todas as áreas e problemas que possam surgir durante sua estada no Brasil. Isto inclui resgates em situações de risco e ajuda diante das autoridades e o consulado, quando entram em apuros.

Enfim, no meio desta correria com os assuntos do Beit Chabad, temos que reservar tempo para nossas atividades escolares e também, claro, para a nossa família!

Como vocês lidam com o desejo e a busca por um relacionamento pelas pessoas com quem vocês trabalham; qual dica o senhor daria para quem busca um pretendente?

Uma das maiores preocupações de um shaliach é evitar a assimilação. Portanto, sempre que temos um membro da nossa comunidade, que esteja solteiro, tentamos oferecer a ele pessoas compatíveis para se relacionarem e montarem um lar. Não há maior alegria do que ver a união de um casal!

A nossa dica para todos os jovens é casarem o mais cedo possível. A desculpa da maioria é que tem que ter uma profissão, um lar antes de se casar, etc. Eu acho que tudo isso pode ser conquistado de forma mais fácil a dois, crescendo juntos, em todos os aspectos.

O conselho do Rebe para quem sai de shiduch é focar nas coisas principais, e não se apegar a detalhes supérfluos: precisamos ver se as qualidades e valores do nosso par são compatíveis com os nossos. E não se a roupa que ele (a) veste combina ou não!

Quais são os seus conselhos para que haja harmonia completa entre o casal, obtendo, assim, o sonhado “shalom bait” (“paz no lar”)?

O segredo para ter um relacionamento saudável é ter consciência que você está se conectando com esta pessoa para dar o melhor de si, e não procurar o benefício próprio que resultará deste relacionamento.

Além disto, o casal tem que ser flexível e, às vezes, abrir mão de algumas coisas em prol do Shalom Bait.

Teria alguma história curiosa para contar sobre a apresentação de casais?

Certa vez, um casal de jovens que, aparentemente, não combinava para nada, frequentava a nossa sinagoga. Um determinado dia, o rapaz se aproximou da minha esposa e disse para ela que se interessou por uma moça. Minha esposa achou que talvez a menina iria se ofender se ela apresentasse este rapaz.

Porém, como não tinha nada a perder, minha esposa perguntou a ela o que achava deste rapaz. Para nossa surpresa, a moça disse que o achava interessante e, ao final de alguns encontros, eles acabaram se casando!

Resumindo, não descarte nenhuma possibilidade, deixe-os decidirem se gostam ou não um do outro.

De que modo o Zivug tem lhes ajudado, e de forma geral, como os shadchanim podem ajudar na formação de novos casais?

O Zivug foi, simplesmente, a melhor coisa que aconteceu para toda a comunidade judaica do Brasil. Com certeza, é a melhor ferramenta para a união de casais e também para a diminuição da assimilação no Brasil.

Através dos shadchanim de diferentes partes e comunidades do Brasil, é possível conhecer candidatos de todos os cantos do país e não apenas do meio limitado de amizades em que, normalmente, as pessoas estão envolvidas.

A pureza familiar pelo judaísmo

O casamento judaico é uma instituição sagrada, em que o amor entre marido e mulher é puro e santificado. E essa santidade do relacionamento matrimonial e o fortalecimento do lar e da família são adquiridas por meio do cumprimento das leis de Taharat Hamishpacháas leis concernentes à pureza familiar, que compreendem os preparativos e as normas prescritos pela lei judaica para imersão ritual da mulher na micvê.

De forma resumida, conforme as leis de pureza familiar, as relações íntimas entre o casal são interrompidas a partir do início do fluxo menstrual até o final da contagem de mais sete dias, normalmente chamados de “sete dias limpos”, perfazendo um período de separação de, no mínimo, 12 dias.

Ao final dessa contagem, a mulher realiza a imersão na micvê e as relações conjugais são retomadas.

Traduzindo literalmente, micvê significa “junção de águas”. À primeira vista, parece ser apenas uma piscina que armazena água natural, mas sua concepção envolve detalhes minuciosos da lei judaica para que receba o status de kasher para seu uso prescrito.

Casamento revigorado

As leis de Taharat Hamishpachá revigoram o casamento mensalmente. A expectativa por manifestações físicas se concretiza no dia da imersão da mulher, que se assemelha à experiência da lua de mel original.

A pureza familiar proporciona aos cônjuges uma estrutura divinamente ordenada, que lhes mostra como devem se relacionar um com o outro.

Durante o período em que o casal se abstém de contato físico, ele deve se relacionar de maneiras não físicas, dialogando e compartilhando. Marido e mulher desenvolvem formas significativas de expressar amor, afeição e apreço, transcendendo o físico.

E sobre esse fundamento sólido, o casal poderá edificar uma estrutura familiar equilibrada e feliz. Esse é um dos propósitos principais pelo qual D-us, em Sua bendita sabedoria, estabeleceu esses preceitos.

Filhos puros e santos

A observância das leis de pureza familiar também assegura que os filhos nasçam em níveis mais elevados de pureza e santidade, que lhes facilitarão resistir às tentações e evitar as armadilhas do ambiente quando crescerem.

Também é um fator fundamental na preservação do Shalom Bait, a paz e a harmonia no lar.

Essa é a grande tarefa e missão que D-us concedeu às mulheres judias – observar e disseminar o cumprimento de Taharat Hamishpachá, assim como das outras instituições vitais da vida familiar judaica.

Pois além de serem as mitsvot fundamentais e a pedra base da santidade da vida familiar judaica, bem como estarem relacionadas ao bem-estar dos filhos tanto física quanto espiritualmente, essas leis permeiam e se expandem a todas as gerações judaicas até a eternidade.

Ao marido, é exigido encorajar e facilitar essa observância mútua, não criando nenhum tipo de dificuldade. Mas a principal responsabilidade – e mérito – é da mulher.

O costume da micvê atravessa gerações

As leis de pureza familiar são observadas há milênios por nosso povo, desde as nossas matriarcas, em todas as circunstâncias.

Houve épocas em que, no inverno, as mulheres quebravam até gelo para imergir no mar, e outras situações em que as matriarcas viajavam dias e noites até uma cidade onde havia micvê.

As leis de pureza familiar são muito queridas ao Todo Poderoso (Vaycrá Rabá, capítulo 19) e precisam ser estudadas em profundidade com entendidos no assunto.

Mesmo que a sua observância seja necessária mensalmente, às vezes, o seu conhecimento é insuficiente. Seja porque um cônjuge se apoia no conhecimento do outro, ou simplesmente por desinformação.

O correto seria estudar as leis de Taharat Hamishpachá todo mês, ou pelo menos, uma vez por ano, em detalhes, a fim de não infringir graves proibições e para saber quais questões devem ser consideradas.

Manual para uma vida conjugal feliz 

Para o casal que não está acostumado a seguir a tradição judaica, essa mitsvá pode parecer difícil e cheia de restrições. Mas, certamente, quem começa a conhecê-la e praticá-la, verá que é um manual de como fazer um casamento ser feliz.

Nossa vida familiar deve abraçar a mensagem Divina. Nesse sentido, marido e mulher precisam dedicar sua vida conjugal aos princípios de nossa Torá e prestar atenção especial às leis de pureza familiar.

Tendo D-us como parceiro nesse sagrado projeto, todo casamento tem o potencial pleno e a segurança quase absoluta de conseguir êxito e satisfação completos e duradouros.

Por que os judeus se casam entre si

O casamento misto é um dos temas mais discutidos da vida judaica. Afinal, por que os judeus devem se casar entre si? Em nosso mundo moderno e multicultural, por que inabilitar alguém como potencial parceiro (a) de casamento apenas porque ele ou ela não nasceu de um útero judaico ou não passou por um processo de conversão adequado?

Por um lado, é fato que muitos pais, em geral, apesar de não serem observantes dos preceitos religiosos, sentem que, quando seu (sua) filho (a) se casa com uma pessoa não-judia, ele ou ela está rompendo a cadeia milenar de continuidade judaica e não querem que isso aconteça.

Por outro lado, os mesmos pais se sentem, às vezes, pouco à vontade de se oporem abertamente ao casamento misto por causa de sua aparente conotação discriminatória.

Para analisarmos mais a fundo esse assunto, precisamos primeiro entender qual é o fundamento para a objeção a casamentos mistos.

A fonte primária sobre a qual se baseia a proibição de um judeu casar com um não-judeu encontra-se na Torá (Deut. 7:3): “Não casarás com eles (com os não-judeus, sobre quem a Torá fala nos versículos anteriores), não darás tua filha ao filho deles e não tomarás a filha deles para teu filho…”.

Ou seja, o casamento misto é uma clara contradição à vontade declarada de D-us na Torá.

O motivo para essa proibição está explícito no versículo a seguir: “Porque ele afastará teu filho de Mim e eles servirão a deuses estranhos…”.

A implicação direta é que filhos desse tipo de união serão afastados dos preceitos judaicos, que representam a vontade mais profunda de D´us.

Essa também é a fonte bíblica para a lei de descendência materna. Como o versículo declara “pois ele (isto é, um pai não-judeu) fará teu filho se afastar…”.

Filho nascido de uma mãe judia é judeu

Isso quer dizer que um filho nascido de uma mãe judia é judeu, ao passo que se um homem judeu se casa com uma mulher não-judia, o filho não é judeu.

Assim, no caso de uma mãe não-judia, o filho não é judeu, e uma linhagem judaica ininterrupta até então foi rompida.

Se um homem não-judeu se casa com uma judia, os filhos são judeus. No entanto, a Torá proíbe explicitamente esse tipo de união, pois “ele desviará teu filho”.

Isso deixa claro que a proibição de casamentos mistos não está relacionada à discriminação racial. Estamos falando sobre uma ordem Divina objetiva, que é acompanhada por uma explicação.

Compatibilidade de almas

Há almas que são compatíveis para casamento e há almas que não são. Além do caso de casamentos mistos, a Torá enumera uma lista de “casamentos” ilícitos.

Por exemplo, o “casamento” entre irmãos biológicos ou entre um homem e uma mulher que ainda esteja casada legalmente com outro homem. Situações similares a estas constituem algumas das violações de incesto ou adultério. Nesses casos, jamais pode haver qualquer casamento, embora seja fisicamente possível coabitar e procriar.

Da mesma forma, não somente é proibido para um judeu se casar com uma não-judia, é impossível para um judeu desposar religiosamente uma não-judia. É possível para eles viverem juntos, coabitarem, até mesmo, procriarem. Mas não há possibilidade de ocorrer o casamento conforme a Torá.

Isso porque o Talmud e a Cabalá nos ensinam que o casamento não é apenas uma união entre dois indivíduos. É a reunião de duas metades compatíveis.

Um casal compartilha a mesma alma que, no nascimento, se divide em duas metades incompletas. Com o casamento, elas se reúnem e se tornam, mais uma vez, completas.

Com base nisso, explica-se porque não se considera o não-judeu um potencial parceiro de casamento. Não é devido a um defeito que ele ou ela tenha. Deve-se simplesmente ao conceito bíblico do casamento, ao qual todo judeu sente-se obrigado a aderir. Tal qual uma irmã de sangue que, apesar de saída do mesmo ventre, não estaria apta para ser sua esposa.

A essência de cada um 

É possível que um rapaz judeu encontre compatibilidade com uma moça não-judia (e vice-versa) e deseje formar uma família com ela. Essa aparente compatibilidade somente é possível quando nenhum deles manifesta sua essência.

Desde que o judeu não se preocupe com o fato de ele ou ela ser judeu e o não-judeu não se preocupe com sua origem pessoal e sua essência, tudo parece perfeito.

O que acontecerá no dia em que qualquer um deles “acordar” e decidir preocupar-se com aquilo que realmente é? De repente, surge a incompatibilidade!

Em outras palavras, enquanto nenhum dos dois se preocupa com sua essência, eles podem sentir-se compatíveis com alguém que é essencialmente oposto. No minuto em que um deles descobre sua verdadeira identidade, o relacionamento transforma-se em questionamento.

O Rei Salomão declara: “Estou dormindo, mas meu coração está desperto”. Um judeu pode estar dormindo espiritualmente. No entanto, no íntimo, seu coração judaico está sempre alerta e, a certa altura, será despertado.

Após anos dentro de um casamento, em que grande parte das ações se transformam em rotina, a alma e o coração judaicos podem ser despertados para procurar o significado mais profundo da vida. Pode haver uma busca pela espiritualidade e redescobrimento das próprias raízes.

O lado prático do casamento 

Vamos considerar alguns dos problemas práticos que surgem nos casamentos mistos. Analise as seguintes questões com atenção: quem celebrará a cerimônia? Esta será em uma igreja ou sinagoga? Em que tipo de bairro o casal irá morar e criar os filhos? Que símbolos religiosos haverá na casa? Haverá uma mezuzá à porta ou outro símbolo?

O casal frequentará quais celebrações? No futuro, haverá pressão para que o cônjuge se converta?

O cônjuge judeu vai querer ser enterrado em cemitério judaico? O casal desejará ser enterrado junto? Que práticas de luto eles desejarão que sejam observadas em sua memória?

E quando os filhos nascerem? Os problemas mais conhecidos dos casamentos mistos dizem respeito a eles.

Em muitos casos, o cônjuge não judeu pode ser convencido a permitir que um bebê do sexo masculino seja circuncidado. Haverá batizado? Que tipo de escola as crianças frequentarão? Elas serão educadas em uma religião, nas duas ou em nenhuma? Os filhos saberão ler hebraico?

A família comemorará Chanucá e/ou Natal? E quanto às outras festas? Haverá bar / bat mitsvá? E se as crianças começarem a gostar mais de uma tradição do que da outra?

Por fim, como será a reação do casal se os sentimentos de um dos cônjuges mudar com relação a essas questões fundamentais, como acontece de forma costumeira?

Todas essas possíveis dúvidas refletem problemas comuns nos casamentos mistos. São questões que não parecem problemáticas até “explodirem” no casamento mais tarde.

Um edifício duradouro 

Um casamento judaico é chamado de Binyan Adei Ad – um edifício duradouro. Para que isso ocorra, tudo deve estar conectado com as instruções da Torá, que é a fonte da vida, bem como um verdadeiro manual que ensina como devemos viver.

É claro que o amor é essencial no casamento. Uma união sem amor é estéril e instável. Porém, muito mais é necessário.

Como escreveu o rabino Jacob J. Hecht, de abençoada memória, “o matrimônio representa uma ligação, uma busca de continuidade social e segurança familiar, uma preocupação com o passado e esperança para o futuro. Essa ligação deve firmar-se não só no amor, mas também em propósitos comuns e objetivos ideais compartilhados. O casamento entre duas pessoas educadas em fés diferentes priva essa ligação de grande parte de suas afinidades”.

É como pensar na construção de uma casa. Sem uma fundação sólida, todos os esforços colocados nas paredes, no teto e na decoração serão inúteis. Isso é ainda mais verdadeiro sobre a estrutura do casamento: se os alicerces são instáveis, acaba ocorrendo um desmoronamento.

Por isso, um casamento judaico deve, antes de mais nada, ser baseado na Torá: nossa fundação sólida!

“O casamento é a união das duas almas; se entregue, dê o seu melhor, não deixe o orgulho tomar conta de si”

O Rabino Pessach Kauffman desenvolve importante trabalho na comunidade judaica do Bom Retiro e de São Paulo. É o rabino responsável pela sinagoga Ahavat Raim, uma das mais antigas da cidade. Também participa do Zivug, atuando ao lado da esposa como shadchan.

Zivug – Rabino, conte sobre como é dirigir uma sinagoga no Bom Retiro, bairro muito tradicional da comunidade judaica? Quais são os seus principais desafios?

Rabino Pessach Kauffman – É uma grande honra dirigir uma das sinagogas mais antigas de São Paulo. Centenas de famílias passaram por aqui e já estamos na 4ª geração das famílias dos fundadores frequentando a nossa sinagoga e outros saudosos, mas indo a sinagogas de outros bairros.  

A Ahavat Reim tem um papel muito importante na renovação do Bom Retiro, nos últimos 14 anos. Trouxemos de volta o espírito jovem, a alegria, criamos uma comunidade muito unida e alegre.

Fomos uma das entidades responsáveis pelo projeto do Eruv do bairro, mas pela nossa história e importância na vida de tantas pessoas espalhadas pela cidade, nosso trabalho não se prende ao Bom Retiro apenas.

Realizamos a maior festa de chanuká de São Paulo, em 2017, em parceria com todas as entidades Chabad, levando shows musicais e food trucks para a Avenida Paulista. Temos projetos assistenciais, estivemos envolvidos no início do projeto responsável pela colocação de centenas de matzevot em São Paulo, além da construção de um cemitério judaico em Rolândia, no Paraná.

Distribuímos kits desinfecção para Covid-19, doados pela Farma Conde, para todas as entidades judaicas de São Paulo e agora fazemos parte do Zivug, projeto muito importante, com a soma de outras entidades e ativistas, sempre respeitando o trabalho de cada um, com a missão de levar judaísmo para todos, em qualquer lugar! Este é nosso espírito!

Sua participação recente num programa televisivo (Shark Tank) causou bastante repercussão, tanto dentro quanto fora da comunidade judaica. Qual a importância e quais valores o sr conseguiu agregar desta sua participação para o seu trabalho comunitário?

Quando um judeu ortodoxo trajando sua kipá e tsitsit, ou seja, com todo aquele estereótipo judaico, vai a um programa de televisão, é uma responsabilidade enorme. Entendo que de certa maneira estou representando a comunidade toda.

Minha missão era mostrar nossa idoneidade, inteligência, respeito e vocação para fazermos desse mundo um lugar melhor.

Com meu aplicativo fitness (Fit Anywhere), levo saúde e bem-estar para milhares de pessoas, onde quer que elas estejam, com preço justo, inovação, facilidade, respeito e resolvendo o problema da maioria das pessoas. A repercussão tem sido incrível e tenho muito orgulho do que estamos construindo, graças a D´us.

Qual a importância do Zivug? Qual é a sua opinião sobre este projeto?

Os aplicativos de encontro e paquera que existem por aí têm feito com que as pessoas saibam cada vez menos como conquistar uma pessoa. Tudo fica mais fácil, mas também mais superficial. A comunidade judaica tem se espalhado em diversos bairros e, às vezes, pode ficar difícil conhecer alguém.

Com a união de entidades e ativistas podemos construir uma ponte e conectar pessoas, facilitando a busca por sua alma gêmea, mantendo nosso povo unido conforme a Torá ordena. Acho extremamente importante o Zivug e fico muito feliz em poder fazer parte da equipe.

Quais dicas o senhor pode dar aos que estão procurando se casar?

1 – Nunca dê um passo acreditando que a pessoa vai mudar durante o relacionamento. Pode até acontecer, mas você tem que gostar da pessoa como ela é hoje!

2 – “Química” física podemos adquirir com o relacionamento. Tudo melhora quando temos sintonia espiritual e admiração pela pessoa que nos casamos. O inverso não funciona da mesma maneira! Cuidado com isso!

3 – O casamento é a união das duas almas. Portanto, se entregue, dê o seu melhor, não deixe o orgulho tomar conta de si, saiba pedir desculpas e saiba perdoar. Este conselho é básico para um relacionamento duradouro.

4 – Seja SEMPRE honesto. Não minta idade, não esconda nada. Descobrir algo depois é muito pior e poderá ser carregado para sempre.

5 – Aprenda a conversar, não tenha medo de expor seus sentimentos, saiba ser empático e se declare com frequência. Receber um “Eu te amo” pode fazer muito mais diferença do que você imagina.

6 – Crie um lar JUDAICO! Com respeito, estudo de torá, cumprimento de mitzvot, caridoso, e cumpram sempre as leis de pureza familiar! A benção da casa, a parnassá e a criação dos filhos é totalmente impactada por isso.

7 – Dê flores, abra sempre a porta para a sua esposa, pague a conta, escreva cartas, crie momentos. Algumas coisas nunca saem de moda!

Quando é o momento certo para ir atrás de um/a pretendente?

Acredito que cada um tem o seu momento e todos nós sabemos o momento certo. Devemos lembrar que todos nós somos enviados ao mundo, com nossa alma gêmea, e que não podemos perder tempo ou desperdiçar oportunidades, preocupados com quanto dinheiro temos na conta, onde vamos morar ou com qualquer outra preocupação material. Casar é uma benção incrível e traz consigo outras infinitas bençãos! “Enjoy the moment”, confie em D´us e seja muito feliz!

Na sua opinião, quais as barreiras mais comuns que dificultam as pessoas a começarem ou a desenvolveram um relacionamento?

– Muita tecnologia e pouca conversa;

– Focar no físico ou na intimidade esquecendo do espiritual;

– Apego ao materialismo;

– Buscar a pessoa nos lugares errados;

– Autossabotagem;

– Medo ou falta de fé.

Teria alguma história curiosa sobre apresentação de casais, que deram certo ou não.

Acredito que adquirimos ou nascemos com o dom de apresentar pessoas e somos abençoados por D´us quando acertamos.

Sou uma pessoa de poucos shiduchim, mas de muita assertividade. Apresentei amigos próximos, aconselhei vários outros que estavam com um relacionamento em andamento e que acabaram terminando em casamento e costumo viver muito perto, quando estou envolvido em alguma apresentação.

A história mais curiosa é que, B’H, 90% dos casos continuam muito próximos de nós, como parte da família. Chega a arrepiar escrever sobre isso!

Quais são os pontos principais que devem nortear um casamento judaico, especialmente numa era tão tecnológica e com tanta oferta de novidades?

– Espiritualidade;

– Amizade e companheirismo;

– Tenha tempo para o relacionamento / cônjuge;

– Não seja escravo das tecnologias e das redes sociais;

– Seja honesto, tenha foco no relacionamento;

– Pureza familiar, Torá, tzedaká. Faça com que D´us sinta-se à vontade em seu lar, abençoando-o.

Para o judaísmo, o amor é muito mais que um encontro de corpos e mentes: é um verdadeiro encontro de almas. No período do nascimento ao casamento, as duas partes encontram-se em casas separadas, e muitas vezes em sociedades e países diferentes. No momento certo, elas se encontram. Debaixo da chupá, as duas metades fundem-se em uma alma só. O casamento não é uma sociedade entre duas pessoas. É a união de almas de forma literal.

Qual é a sua motivação no envolvimento em tentar ajudar as pessoas a se casarem?

O casamento judaico é um compromisso com a continuidade da nossa nação. Além disso, pais judeus criando filhos judeus, com valores judaicos, é nossa maneira de fazer desse mundo um lugar melhor!

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Obrigado pela confiança em nós! Você merece encontrar alguém, ser muito feliz e conte conosco!

“Nossos jovens lidam com vários desafios atualmente”

Eva Zellerkraut, também conhecida como Morá Eva, trabalha como psicóloga na área de educação há mais de 4 décadas.

Por seu envolvimento neste segmento, foi um caminho natural ajudar casais a se formarem, justamente “por estar próxima de rapazes e moças de diversas partes do Brasil”.

A Morá é uma das shadchaniot do Zivug.

Zivug – Morá Eva, conte um pouco sobre a sua atuação na área de educação.

Eva Zellerkraut – Trabalho com educação há mais de 40 anos, como psicóloga em escolas e instituições judaicas de adolescentes como Midrashá e Yeshivá Guevoha, com religiosos e pessoas que estão se aproximando do judaísmo.

Como começou o seu envolvimento nos shiduchim (apresentação de casais)? Fale um pouco sobre a sua atuação e motivação neste trabalho?

Por estar próxima de rapazes e moças de diversas partes do Brasil, alguns longe da família, e também já com idade de formarem sua própria família, comecei a tentar unir alguns casais e isso deu muito certo. Esse fato acabou me animando e fazendo com que esses alunos me procurassem e pedissem minha ajuda, por conhecê-los bem.

Quais são os principais desafios que os nossos jovens têm que enfrentar?

Nossos jovens lidam com vários desafios atualmente. A miscigenação, muito grande nas faculdades e no mercado de trabalho onde atuam; a falta de locais para que consigam maior interação com integrantes da comunidade judaica. Fora que poucos jovens têm a oportunidade de frequentar sinagogas ou clubes e acabam interagindo com um mundo laico, perdendo assim a chance de encontrar um shiduch que seja interessante.

Como interagir em um mundo cada vez mais high-tech? Quais são os benefícios e malefícios da tecnologia?

Outro grande desafio dos jovens e um malefício é o isolamento de alguns deles. Uma boa parte acaba ficando muito em suas redes sociais, TVs, séries, etc, e não procuram se socializar com pessoas da comunidade, nos poucos eventos existentes. Devemos tentar aproveitar essas redes sociais para fazer com que conheçam prováveis parceiros ou amigos, no mínimo.

De que forma o background familiar influencia na formação da pessoa?

Ele é muito importante para formar um lar judaico e que ambos venham de famílias judias e que queiram criar seus filhos pelos preceitos da religião (religiosas ou conservadores).

Quais dicas a sra. pode passar aos que estão procurando o seu zivug (parceiro/a ideal)?

Qualquer jovem que esteja procurando seu Zivug precisa se dar uma chance, tentar conhecer a pessoa que lhe indicam, conversar, ver se possuem pontos em comum, o que pensam para o futuro, o que fazem, como gostariam de ter uma família, se têm aquele sentimento de estarem bem juntos, se têm assuntos para conversar…e tentar se falar ao menos 2 ou 3 vezes.

Na sua opinião, o que é mais importante achar na outra pessoa para defini-la como seu zivug?

Nada é definitivo…E, no máximo, se não for o esperado, terá conhecido alguém e será um novo amigo. Sei de gente que acabou se apresentando para um amigo e deu certo!

O importante é querer estar com aquela pessoa, desejar ligar e falar frequentemente.

Que Hashem ajude que todos possam achar seu Zivug brevemente!

“É fundamental que os judeus se casem entre si”

O Rabino Nochum Zajac atua há vários anos na comunidade judaica de São Paulo, e na função de shadchan afirma ter apresentado mais de dez casais que se conheceram por seu intermédio, namoraram e se casaram. O rabino Nochum concedeu a seguinte entrevista ao blog do Zivug:

Zivug: Rabino, como o sr. começou a apresentar os casais?

Rabino Nochum Zajac – Comecei a apresentar casais trabalhando com jovens e com integrantes da comunidade judaica. Vi a importância e a necessidade de fazer isso, fazendo com que o homem ou a mulher conhecessem alguém que fosse da comunidade.

Quantas apresentações calcula ter feito?

Apresentações, que depois de namoro, viraram casamento, mais do que 10, pelo menos! Houve algumas outras apresentações, onde tentamos formar casais, mas que acabaram não indo para frente, não formando pares, nem terminando em casamento.

Poderia nos contar alguma história marcante dessas dezenas de apresentações que o sr já fez?

Houve um casal que apresentei, eles se conheceram na minha casa, durante uma refeição de Shabat. Posteriormente, começaram a namorar e ela foi morar com ele; o relacionamento ficou sério, e depois eles acabaram se tornando sócios em um negócio. Ocorre que eles acabaram brigando por causa disso, e no fim, acabou tudo: o relacionamento, o negócio entre os dois…O que se aprende disso é que não se pode misturar as coisas.

Pode explicar, qual é a importância dos judeus se casarem entre si?

É fundamental que os judeus se casem entre si, formem casais judaicos, para que o judaísmo continue existindo, pela continuidade das famílias judaicas. Vejo muitos casos em que a mãe ou o pai não se converteu conforme as leis da halacha, ou fez isso em processos não oficiais, e há muito sofrimento depois disso.

 Shadchan observa sua agenda de telefones: ele tem como função fazer a ponte para o casal se conhecer.

Qual é a função de um shadchan? O que ele faz?

Depende muito de cada caso. Se o homem e a mulher concordarem em se conhecer através de um processo de shiduch, no momento que o rapaz achar interessante conhecer a moça que eu indiquei para ele, ou, então, se ele pergunta se conheço ou tenho contato de determinada menina, pergunto se ela concorda que eu passe seu telefone para esse pretendente.

Caso seja o caso dela não topar sair, então recorremos às redes sociais. Isso ocorreu, por exemplo, com um homem que tinha se casado com alguém de fora da comunidade, mas acabou se separando. Posteriormente, apresentei uma moça para ele e hoje eles estão perto de concretizar o noivado.

Só para esclarecer: o shiduch não é o rabino que decide com quem a pessoa vai se casar: na verdade, o shadchan só aproxima os dois lados. Faz a ponte para eles se conhecerem.

Por que um homem não pode ficar sozinho?

Está escrito na Torá que um homem não deve ficar sozinho. Em geral, a pessoa só entende o significado geral da vida quando se casa, quanto é abençoado e tem filhos, passando a ser menos egoísta e sabendo apreciar o quão saboroso é compartilhar as coisas.

Quais dicas o senhor pode dar aos que estão procurando seu zivug?

Que as pessoas realmente estejam dispostas a encontrar o seu par. Que não entrem nessa procura por pressão dos pais ou da sociedade. No fundo, muitos não querem ou têm medo de assumir um compromisso mais sério. Nós, shadchanim, não somos terapeutas.

Existe idade mínima e idade máxima para se casar, ou seja, para procurar alguém?

Não, para isso, não tem idade: nem mínima, nem máxima!

Alguém que, infelizmente, se divorciou ou então ficou viúvo (a) deve procurar um novo par? É uma mitsvá? Ou isso depende da idade da pessoa?

Como mencionamos, pela Torá, para um homem é bem melhor ele estar casado, ele tem muito mais moral por isso. E, se tem possiblidades, deve ter filhos também, mesmo se já os teve no primeiro casamento. E as mulheres, por sua vez, também desejam sempre estar acompanhadas.

Existe alguma regra sobre quem deve dar o primeiro passo, o homem ou a mulher nessa procura?

Pelo Talmud, é o homem quem procura sua parte perdida. Mas, obviamente, depende muito do caso. Há casos em que a mulher que faz isso ou se está apaixonada.

Quais são as suas dicas para ter um lar harmonioso?

A principal de todas é que o casal deve ser humilde, tanto o homem, como também a sua esposa.

Por favor, mande uma mensagem para quem está à procura do seu Zivug

Seja uma boa pessoa! Não adianta pedir para ser apresentado (a), para conhecer alguém, se você não está a fim de se doar ao outro (a).

“Algumas coisas podem ser mudadas em uma pessoa; mas certas características são indispensáveis”

Lisette Nigri Sayeg atua há mais de 34 anos como Shadchanit. Depois de começar nesta função em São Paulo, ela acabou expandindo este trabalho para outros estados brasileiros, chegando até o exterior.

“Fatos marcantes como um nascimento, um Bar ou Bat-Mitzva, e até o casamento dessa nova geração são a coroação do nosso trabalho”, diz ela.

Zivug – Há quantos anos a sra. exerce a função de Shadchanit? A sra. atua em só uma cidade ou em todos os estados brasileiros?

Lisette Nigri Sayeg – Baruch Hashem, são 34 anos de atividade na área de shiduchim. Comecei atuando aqui em São Paulo, e o trabalho foi se estendendo por vários estados brasileiros, e até outros países, onde temos a presença da comunidade judaica, como Paraguai, Argentina, Chile, EUA, Itália e Israel.

Quantos casais a sra. acredita ter formado através das suas apresentações? Quantas apresentações a sra. imagina que já conseguiu fazer?

No começo do meu trabalho nesta área, eu me empolgava com os números. Mas, em certo momento, percebi que o importante não era a contabilidade do que eu já tinha feito, mas quanto trabalho eu ainda tinha para fazer, então, parei de contar. O que ficou para mim são os frutos do meu esforço, fatos marcantes como um nascimento, um bar e bat-mitzvá, e até o casamento dessa nova geração. Sinto que faço parte dessas lindas histórias de vida.

Normalmente, onde e quando ocorrem essas apresentações?

São duas abordagens. Antigamente, eu fazia eventos em minha casa, onde vinham, em média de 150 pessoas. Elas mesmas tinham a oportunidade de encontrarem seus shiduchim. Eu contava com a ajuda de 10 jovens que também procuravam sua cara-metade e se dispunham a me ajudar, trazendo muitas pessoas para o grupo. Desta forma, elas tinham a oportunidade de conhecer mais gente, eventualmente até mesmo encontrar seu shiduch. Esses encontros foram realizados durante 15 anos, mas alguns optaram por não fazer parte destas reuniões; então eu os entrevistava em particular, na minha casa. É esse trabalho que faço até hoje. Ah, também, às vezes, eu programava encontros de alguns jovens no Shabat e chaguim (festas) na minha casa, o que, B`H, deu bons resultados!

Por que “fracassos” ocorrem nesta área, ou seja: qual erro mais comum na tentativa de formação de casais?

Erros e acertos fazem parte desse trabalho. Não temos bola de cristal. É uma inspiração Divina, com a qual temos que ficar sintonizados. E, claro, a experiência ajuda muito! Os fracassos, diversas vezes, são sinais de que os jovens não são “matim”, ou seja, os perfis não combinam. Mas faz parte do nosso trabalho tentar! Acho que o grande lance é se colocar no lugar desses jovens e, ao tentar ajudá-los, ter total comprometimento. Temos que ser sensíveis e considerar o que cada um dos interessados está nos pedindo. Para cada pessoa, existe o que lhe é importante, pensar em cada caso, como se fosse para você ou para os seus filhos.

Como o shadcham pode ajudar nisso?

É nosso dever ouvir com carinho as histórias de vida de cada um, para poder entendê-los e atendê-los com empatia. Temos o direito de propor, mas não de impor uma ideia, não julgar. Procurar entender o passado deles, o presente e o que eles querem para o futuro. É preciso dispor de tempo e lembrar que este é um investimento de grande retorno. O shadcham tem que fazer tudo com sensibilidade, ser otimista e persistente. Trata-se de um trabalho difícil, mas temos sempre que lembrar que não estamos sozinhos, temos um grande sócio, Hashem, que nos guia e nos ilumina no caminho a seguir. E a felicidade que sentimos em fazer essa poderosa mitzvá, só podemos compreender ao fazê-la, de fato. Ver que Hashem, confia em você para ser o seu shaliach: como explicar o sentimento de gratidão por essa grande missão? E, por outro lado, vejo que os jovens precisam compreender que tão importante quanto encontrar as oportunidades é saber que não podem perdê-las. Aconselho que eles fiquem preparados para oportunidades, que, muitas vezes, são um pouco diferentes do que eles sonharam para a sua vida.

Quais dicas a sra. pode passar aos que estão procurando shiduch?

São várias! Comecem sua escolha pela razão e não pela emoção: esse processo ajuda os jovens a direcionarem seus corações para a pessoa certa. Muitas vezes o que parece não é. Lembre-se que algumas coisas podem ser mudadas em uma pessoa, mas algumas características são indispensáveis: caráter, bondade, espiritualidade, empatia, respeito, gentileza, ter objetivos comuns. Valores esses, enfim, que são os tijolos de uma construção sólida – o seu futuro lar! Trabalhem para fazer com que as diferenças possam ser um plus e não um problema. Tentem aproximar as distâncias, não só físicas, como também as emocionais. Em alguns casos, é preciso mudar de lugar (cidade, estado ou mesmo um país); quem muda, muda de sorte! Dividam suas dúvidas com alguém que confiem: alguém que está de fora, às vezes, enxerga melhor a situação.

Há idade mínima ou idade máxima para se casar, ou seja, para procurar alguém?

Conforme a visão da Torá, não é bom que a pessoa fique sozinha. Quanto mais jovem ela se casar, melhor. Acho que o assunto de procurar e encontrar um shiduch, é ligado ao esforço que a pessoa faz e o quanto ela quer, de fato, não exatamente a idade.

Qual a importância de um casamento judaico?

O casamento judaico é um valor fundamental da Torá, daí a sua importância. A Torá, é uma herança que recebemos de Hashem, através de Moshê Rabênu, há 3334 anos. Quando os filhos recebem uma herança de seus pais, eles podem escolher torrar a herança ou multiplicá-la. Aqueles que dão valor ao esforço que os pais fizeram para formar esse patrimônio, vão escolher querer continuar o que um dia seus pais começaram!

Existe alguma regra sobre quem deve dar o primeiro passo, o homem ou a mulher, nessa procura?

Sugiro sempre que o contato comece pelo rapaz.

Quais são as suas dicas para se obter um lar harmonioso depois do casamento?

O primeiro ponto importante é o respeito e a Torá nos fala sobre isso, “Trate o outro como você deseja ser tratado”! Outro valor importante é a cumplicidade – compartilhe e esteja realmente junto na dor, na alegria, no fracasso e no sucesso.

Uma história que ilustra isso: o marido acompanhou sua esposa numa consulta e disse ao médico: “Doutor nosso pé está doendo”.  O médico perguntou: mas quem é o paciente? O marido respondeu: “quando o pé dela dói, o meu dói também!” Anulação das vontades, também é algo fundamental! Aprendemos na Torá: “anule a sua vontade perante a de Hashem, para que ele anule à vontade d’Ele perante a sua”, assim também ocorre no casamento. Quando um marido diz para sua esposa “te amo”, essa expressão de amor não é suficiente para manter o casamento harmonioso. O que preserva um relacionamento com harmonia, verdadeiramente, é quando um faz a vontade do outro. Aqui cabe uma história divertida:

Uma vez, um casal se desentendeu e eles foram ao rabino com a seguinte questão:  A mulher se queixou que ela pediu ao marido que queria ganhar uma rosa, e ele trouxe 12 rosas! Vemos aqui, que o importante é dar o que o outro quer receber e trabalhar o ego. Os casais têm que ser flexíveis e fazer ajustes: eles são necessários em todos os relacionamentos, além de ceder às exigências. A perfeição não existe no outro e nem dentro de você. Ninguém é completo sozinho, e esse é o sentido do casamento, um completar o outro e juntos crescerem material e espiritualmente. Da mesma forma, ninguém é feliz sozinho. É preciso dar e receber, essa troca que faz o sentido da vida e preenche qualquer vazio.

Quando vai chegar o meu shiduch?

Nem cedo, nem tarde: na hora certa, com a pessoa certa! Porém, não fiquem parados esperando! Façam os seus movimentos e acreditem que o shiduch vai chegar! Invistam, insistam e não desistam!